por Rudá Almeida
Ele inventou o indie (mesmo antes dessa paranóia existir), liderando a banda mais cool dos anos 90, o Pavement, e agora, nos anos zero zero, provou que continua mais ligado que toda essa juventude descolada que usa all-star, óculos de aro preto e camisa listrada. Stephen Malkmus não é só o ponto de partida dessa nova geração do rock alternativo, ele também quer ser o mentor de seu súbito final.
Basta ouvir as primeiras faixas de seu novo e melhor álbum, Real Emotional Trash, pra entender o porquê. Junto aos seus fiéis escudeiros do The Jicks, Malkmus criou um disco cabeçudo, com músicas que variam entre 5 e 10 minutos e que se aproximam mais do rock psicodélico do que qualquer outra coisa que ele ou o Pavement já tenham lançado. Preste atenção na excelente, proposital e enganosa falta de estrutura absurda presente em grande parte das faixas do disco... No meio de tudo isso, ainda há espaço pra canções curtinhas e de apelo radiofônico, como Gardenia e We Can’t Help You, mas também, pára por aí.
Quando então eu lembro dos seus outros três fodões discos solos, o primeiro e homônimo, de 2001, o segundo, Pig Lib, e o terceiro, Face the Truth, percebo o quanto esse cara é bão e o quanto ele me deixa satisfeito ao ponto de nem pensar numa susposta volta do Pavement, uma das minhas bandas favoritas de… todas as bandas. Pra comprovar basta você colocar Range Life pra tocar quando estiver em minha companhia e ver a minha cara de felicidade seguida de um ridículo air guitar acompanhado de caretinhas que indicam a inspiração e concentração de minha pessoa nesse ofício.
Enfim, o que eu quero dizer no final das contas é que não há nada mais pop e legal que o Crooked Rain Crooked Rain pra década de 90 e que o Pig Lib pra o agitado começo dessa década aqui. Agora, já prevendo o fim dessa fase, ou dessa geração (como queiram), não há nada mais ‘pá de cal’ que o Real Emotional Trash. Se a profecia do Mr. Malkmus se concretizar, não venham me dizer que não avisei.
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