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domingo, 16 de novembro de 2008

Toda banda merece um Amarante

por Rudá Almeida

Pra mim, creio e torço que pra você também, não há banda de rock que melhor represente os anos zero zero do que os Strokes. E se levasse em consideração somente o ‘nosso território’ (esse país aê), a afirmação valeria pros Los Hermanos. Por isso, ainda que o “hiato por tempo indeterminado” dos dois grupos tenha vindo na hora certa - quando ambos lançaram discos bem ruinzinhos, capengas pra não dizer outra coisa - não é de se estranhar que sintamos uma pontinha de saudade dos dois, ao menos que de vez em quando. Eu mesmo, num post em que já sinto vergoinha por ter escrito, falei que, apesar de ter gostado do disco do Marcelo Camelo, ainda pensava no extinto (?) grupo carioca - o que não era um bom sinal. Pois então, nem penso mais. Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti, juntos da cantora Binki Shapiro, trataram de sepultar qualquer sentimentozinho rbd for life com seu novo projeto: o Little Joy.

O disco homônimo da banda, lançado no último dia 4 pelo famoso selo inglês Rough Trade, não apresenta nada de novo pra quem está acostumado a escutar a voz bêbada de Amarante nos Los Hermanos e os riffs de guitarra dos Strokes. Também não é a simples mistura dos dois. As músicas cantadas pela Binki, por exemplo, se afastam um pouco das demais, são calminhas, cheias daquela beleza fofolete, como a melhor do disco, Don’t Watch Me Dancing… Mas, como novidades não são o carro-chefe e nem sempre são bem vindas, a simples união do melhor de cada uma das outras partes - embora seja notável que a corda puxe mais pro lado de Amarante - já resulta em algo de altíssima qualidade. É verdade que nenhuma música tem a força dos mais famosos singles das bandas anteriores dos brasileiros, o que não é, de forma alguma, um problema. Basta escutar The Next Time Around e Brand New Start pra perceber que os prováveis maiores sucessos do Little Joy estão à altura de qualquer um deles, e dêem de ombros pra quaisquer comparações.

A trinca No One’s Better Sake / Keep Me in Mind / How To Hang a Warhol está aí pra agradar os fãs mais agitadinhos dos Strokes. Quem prefere as baladinhas arrastadas dos Los Hermanos, pode ficar com Shoulder to Shoulder. Tem até pra quem gosta do Camelo, veja só: basta escutar Evaporar, do Rodrigo Amarante, onde ele canta em bom português e toca sozinho no violão.

Assim mesmo, querendo e, suponho, agradando a todo mundo, que eu vejo o Little Joy como uma das melhores coisas que apareceram nesses últimos aninhos. Fazendo um resumão do que melhor apresentaram, pra mim, e continuo crendo que pra você também, as duas bandas mais importantes da década, Fabrizio e Amarante (ninguém melhor do que eles) acertaram em cheio. Espero que mais uniões felizes e coincidentes como essa continuem acontecendo pra deixar o futuro menos tedioso, caso não saia nunca mais o disco novo do Franz Ferdinand.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

The Walkmen: Servindo bem para servir sempre

por Tiago Lopes

Com pouco menos de dois anos para o fim dessa década, previsões sobre o que realmente irá caracterizá-la já podem ser feitas agora mesmo, sem que muito do seu sentido se perca daqui até a mudança dos dois dígitos. Na música, a única coisa que arranhou o conceito de “movimento” foi a descoberta em massa de bandas nova-iorquinas no início dos anos 00, que, à primeira vista, pareciam ter um senso de estética visual mais apurado do que algum conhecimento musical abrangente. Precisou de um tempo (o intervalo entre o primeiro e o segundo disco, mais precisamente) para o proto-movimento se mostrar como algo que realmente carregava alguma substância não advinda de um coletor de lixo reciclável. Dessa leva, pouquíssimas bandas ainda se mantêm em pé até hoje e nenhuma outra é tão consistente quanto o The Walkmen.

You & Me é mais um disco saído de uma constante e inventiva linha de produção que não sofreu nenhuma adição de elementos estranhos ao longo de cinco discos e não precisou fazer uma mudança drástica de direção sonora como tática de sobrevivência em busca de um aumento de público. O Walkmen é nesse novo disco o mesmo de Everyone Who Pretended To Like Me Is Gone, só que mais ciente dos limites do som que criou em sua estréia, portanto, mais disposto a refiná-lo.

Mesmo tendo dois discos de inéditas e um de versões entre um e outro, os extremos da atual discografia do Walkmen parecem uma linha evolutiva sem interrupção. Bows + Arrows e A Hundred Miles Off expandiram o volume dos vocais, a velocidade e os efeitos nas guitarras e a qualidade das músicas criadas pela banda que, mesmo mantendo a discrição, conseguiu atenção suficiente dos críticos para receber os merecidos superlativos com os quais vem sendo classificada. Depois de um disco de covers de um disco de covers (Pussy Cats, disco de covers do Harry Nilsson virou Pussy Cats: starring The Walkmen), a banda resolveu mostrar o lado refinado dessa evolução toda, criando um disco melancolicamente doce (o título deixa bem explícito a onipresença do tema “amor”), calmo e, por tudo isso e mais um pouco, inesperado.

Nenhuma música do novo disco lembra a força dos mais famosos singles anteriores (”The Rat”, “Little House Of Savages”, “Lost In Boston”), mas a maioria delas alcança os mesmos altos padrões de satisfação auditiva, indo por vias mais discretas e elaboradas, como “On The Water”, “Canadian Girl”, “Red Moon” e “The Blue Route”, quatro canções que derrubam qualquer resistência ao Walkmen à primeira audição. As duas primeiras são as que representam melhor o espírito de amor sóbrio do disco (nos anteriores, tudo era meio alcoolizado, do som dos vocais à estridência das guitarras), com provas de que o Walkmen possui o melhor percussionista em atividade (sem chamar a atenção pra si o tempo inteiro) e as guitarras reverberadas deixaram de ser onipresentes para virar algo pelo qual se espera ansiosamente. “Red Moon” é uma balada na melhor acepção do termo: exageradamente romântica e despida de maiores arranjos, só um piano, uma batida alternada e um naipe de metais na medida para exaltar os espíritos mais sorumbáticos. E “The Blue Route” é o mais próximo de barulho que eles criaram em You & Me e, ainda assim, milhas distantes da estridência de outrora.

O resto do disco segue à risca o mais não-tão-em-uso conceito de álbum. Espera-se do ouvinte uma disposição para apreciá-lo por inteiro e várias vezes, para melhor aproveitamento da obra. A sutileza de músicas como “Dónde Está La Playa”, “Long Time Ahead Of US” e a instrumental “Flamingos (For Colbert)” fazem o retorno à atmosfera única do disco ser mais desejável ainda. No fim de tudo, a banda entrega a já tradicional homenagem explícita ao Dylan, em músicas que soam exatamente como grandes b-sides d’O Homem. Aqui, a (venho tentando evitar o uso de adjetivos melosos desde o começo da resenha, mas é preciso ceder) estupendamente bela “If Only It Were True” fecha o disco que deve tornar impossível, em 2010, chamar o The Walkmen de outra coisa além de grande banda da década.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Oasis acerta por vias tortas

por Rudá Almeida

O primeiro álbum, Definitely Maybe, de 1994, e o seu sucessor, (What’s the Story) Morning Glory, de 1996, são considerados as obras-primas do Oasis. Para muitos, tudo se resume ao pensamento de que, desde então, o que os irmãos Gallagher vêm fazendo é tentar repetir o sucesso destes dois discos. Talvez o caso se aplique ao Be Here Now, o maior fracasso (assumido) do grupo. Mas se formos analisar os demais trabalhos do Oasis, mesmo que estes sejam evidentemente “menores” que os seus predecessores, a comparação não cabe pela grande (mas simples e verdadeira) desculpa de sempre: os tempos eram outros.

Com seu mais novo trabalho, o sétimo disco de estúdio, Dig Out Your Soul, o grupo inglês chega bem próximo de alcançar as glórias do passado, mas, surpreendentemente, por vias tortas. Explico: se tem um álbum que serve de comparação ao DOYS, tanto pela grandiloqüência quanto pelo pé no psicodelismo, esse álbum é justo o Be Here Now. Isso fica evidente já no primeiro minuto da música que abre o disco, a excelente Bag It Up. Com as duas seguintes, The Turning e Waiting for the Rapture - também dignas de excelência, formando o melhor início de discos do Oasis desde… - tudo fica tão evidente que dá medo de continuar com os fones no ouvido e ter que se decepcionar mais uma vez, e pelos mesmos motivos.

Felizmente isso não acontece. Os excessos e a ambição do álbum, dessa vez, não conseguem comprometer sua qualidade, por dois motivos, penso: 1) O amadurecimento da banda (estava na hora, né?), que aprendeu com o primeiro erro (Be Here Now) e tratou de corrigi-lo, produzindo a partir daí uma série de discos menos espalhafatosos, mais contidos e pans e chegando aqui com a moral, ou a cara de pau, de produzir algo grandioso novamente (Notem a total ausência de baladinhas pra tocar nas rádios e na segunda tacada perfeita de Noel em menos de três anos, Falling Down, que não faz feio nem ao lado de The Importance of Being Idle). 2) Sinal dos tempos. Ou todo mundo já esqueceu dos também excessivos e ambiciosos novos álbuns do Stephen Malkmus e do fenomenozinho Glasvegas?

Se o Don’t Believe the Truth apontava para a mudança gradual na qualidade dos trabalhos recentes do Oasis,  mesmo que discretamente e ainda cometendo erros aqui e acolá, o Dig Out Your Soul é o fim da bendita ou, ao menos, um ótimo presságio de algo maior que está por vir. Ele pode não levar o Oasis ao patamar de maior banda de rock da atualidade novamente, ou melhor, com certeza não levará. Mas pra quem já não acreditava numa retomada tão convincente, os irmãos Gallagher estão de parabéns. Ainda merecem respeito os encrenqueiros…

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Festival No Ar Coquetel Molotov - 2º dia

Mallu Magalhães

por Tiago Lopes | fotos de Coraline Sabourin

A movimentação nas dependências do Teatro da UFPE se mostrou um tanto menor na segunda noite do festival No Ar Coquetel Molotov. Poucos atrasos na noite anterior e tudo seguia bem na segunda noite até a coincidência entre os shows do Club 8 (mais uma das bandas da Invasão Sueca) e a Catarina, artista pernambucana. A primeira fechou as apresentações na Sala Cine UFPE e a segunda abriu os shows da noite de sábado no Teatro, ao mesmo tempo.

O show da Catarina pareceu uma melhor opção e ela realmente se mostrou como tal. Tendo como guitarrista o vocalista do Mombojó, Felipe S., mais percussão, um contrabaixo vistoso e programações eletrônicas econômicas, a mulher se desdobrava em passinhos um tanto toscos, em piadas divertidas, gritinhos de “uoooou” entre uma música e outra e distribuição de chocolates para chamar a atenção do público pro som pop/tecno-brega/hip-hop que divertiu bastante. E divertiu não por ser só engraçadinha nas letras, mas porque o resultado era realmente apreciável, sem qualquer ironia. É admirável uma banda de Recife se preocupar em fazer música pop de qualidade sem querer denunciar nada ou se preocupar somente em cantar regionalismos. Ficou tempo o suficiente no palco para mostrar uma versão hilária e cheia de malemolência de “Sensual Seduction” do Snoop Dogg (em que ela traduzia certas partes da letra para o português, aumentando ainda mais o efeito cômico) e ainda repetir duas músicas. Ninguém se incomodou com o bis e a Catarina foi aplaudida em pé.

O Coquetel Molotov, em cada edição, se preocupa em trazer um artista que faça muita coisa usando pouca matéria-prima. Preenchendo a cota desse ano, o Final Fantasy, projeto solo de Owen Pallett (colaborador de bandas como o Arcade Fire e Beirut), fez uso de apenas um violino, um laptop e um teclado. O público parecia hipnotizado pelas mãos do rapaz, que a cada movimento mais rápido, arrancava aplausos. Mas a resposta positiva da platéia pareceu mais empolgação por ver algo não tão comum em música popular sendo executado do que genuína resposta a músicas calculistas demais e um tanto sem emoção. Lembrou bastante um Andrew Bird sem a competência melódica deste.

Mallu Magalhães foi a responsável por levantar o público das confortáveis cadeiras do teatro. Teve gente que perdeu lugar e quis dormir em pé durante o show da garota. Não que estivesse muito chato, só foi realmente maçante em alguns momentos. As músicas dela ganham muito mais estofo quando a banda participa ativamente. Nas que continham apenas o barulho do seu banjo, as músicas perdiam um pouco da força e não conseguiam atingir satisfatoriamente o enorme teatro, provocando algum tédio. Não ajudou muito o fato de ela ter convidado o Camelo para cantar as mesmas músicas que ela havia cantado com ele um dia antes, só que dessa vez, sem a emoção noveleira de brinde.

Peter, Bjorn and John

Encerrando a última noite, os escoceses do Peter, Bjorn and John entraram com guitarras muito altas. O efeito imediato do barulho acordou quem havia cedido ao sono no show da Mallu, mas não durou por muito tempo. As músicas do PBJ são de uma linearidade entediante, não há mudanças perceptíveis no andamento de algumas delas. A presença de palco deles, fortalecida por uns pulinhos e gestos por vezes constrangedores, tentava dar uma força extra a apatia das músicas, mas não funcionava. Sem solavancos ou desvios de percurso em músicas executadas em alto volume para tentar maquiar essa falta de criatividade, o resultado final do show do PBJ foi semelhante ao zumbido de um inseto gigante: de uma constância irritante.

Festival No Ar Coquetel Molotov - 1º dia

Júlia Says com a participação de Guizado

por Tiago Lopes | fotos de Coraline Sabourin

O Coquetel Molotov desse ano já surpreendeu antes mesmo de começar. Os ingressos para a primeira noite do festival se esgotaram 4 dias antes do início, fazendo a alegria dos cambistas - que dispuseram suas preciosidades na entrada do evento por uma quantia de até R$ 60,00, 100% a mais do que o real valor do ingresso – e aumentando ainda mais as expectativas para o mais esperado show do festival: a estréia em palcos do Marcelo Camelo. Porque era óbvio que o suposto ex-hermano foi a causa para a alta valorização da primeira noite do festival, o que se queria descobrir mesmo era como todo esse público se comportaria na hora da execução do Sou.

Antes de falar do show que iria fechar a noite no teatro da UFPE, vamos às bandas que não comoveram tanto assim o público, mas que foram tão competentes (em alguns casos, até mais) quanto a principal atração. Os pernambucanos do Júlia Says, que usavam programações eletrônicas, bateria e uma guitarra e um trompete de vez em quando, começaram com um show meio morno. Se tivessem feito o “de vez em quando” das guitarras aparecer bem mais, as músicas teriam provocado um pouco mais de efeito no público que já começava a lotar o teatro, mas não respondia tão bem ao eletrônico de vocal um tanto inaudível da banda.

Cidadão Instigado

Aí entra o Cidadão Instigado, banda liderada pelo cearense Fernando Catatau, que foi chamada horas antes do evento para substituir os cuiabanos do Vanguart – ao que parece, pediram mudança nas datas das passagens de avião e a produção do Coquetel Molotov não quis atender ao pedido, feito apenas uma semana antes do festival; Hélio Flanders, vocalista do Vanguart, explicou na comunidade da banda no Orkut que o custo adicional da mudança de datas seria de R$ 600,00 por cabeça. Mas a troca se mostrou benéfica como pouca coisa do festival: o Cidadão Instigado fez um dos melhores shows dessa edição, tocou grandes músicas de um vindouro novo disco, executou as melhores dos seus dois discos anteriores e fez barulho, muito barulho mesmo. Como defeito, uma parte do público que marcava cadeiras pra ver o show do Marcelo Camelo e prestava pouca atenção à intricada, mas bastante funcional mistura de samba, funky, brega e o melhor em distorção de guitarras. Quem estava gostando, se manifestou em aplausos e mais aplausos ao fim de cada música, deixando o Catatau com um sorriso largo no rosto ao fim do show.

Shout Out Louds

Depois, a primeira banda da Invasão Sueca, projeto que existe desde a edição de 2007. A seleção desse ano foi um tanto mais consistente e visível, como se pôde ver desde a apresentação do Shout Out Louds, que fez todo mundo se levantar das cadeiras e lotar a parte da frente do palco. A animação do público e a movimentação excessiva dos músicos no palco quase conseguiram esconder certa pasmaceira no som feito pelos suecos, provocada pela execução de inúmeros clichês indies que a banda apresentou, quase todos saídos da cansativa reciclagem de bandas como The Cure, The Smiths e New Order. Maior engodo do festival.

A essa altura, a movimentação dentro do teatro da UFPE, capaz de comportar 3.000 pessoas, já estava difícil, bem difícil. A insistência do público de permanecer em pé em frente ao palco para esperar o Marcelo Camelo, atrapalhando a visão de quem estava sentado nas primeiras filas, provocou irritação tanto na produção do evento, que pediu praticamente a cada um que arranjassem um lugar para se sentar, como no público, que não entedia porque tinha que aplacar a grande ansiedade sentado numa cadeira limitadora de expressões de adoração.

Eis que o Marcelo Camelo entra no palco, sozinho, com seu violão. O altíssimo barulho do público, que gritou e aplaudiu por alguns bons minutos, anunciou o esperado: toda a excessiva adoração que existia pelo Los Hemanos foi transferida para o Camelo sem nenhuma perda, ainda mais em Recife, um dos principais redutos desse público (Camelo admitiu, em certa altura do show, que “tinha de ser aqui, tinha de ser hoje, tinha de ser no Recife e tinha de ser com vocês”). Quando o Hurtmold, banda que está acompanhando o Marcelo Camelo nos shows da sua primeira turnê, entrou no palco a partir da segunda música (“Téo e a Gaivota”, faixa de abertura do disco e a que guarda mais semelhanças com o som feito pela banda de apoio), o público fez questão de mostrar que não iria recuar por um momento sequer nas demonstrações de adoração. A cada mudança de andamento nas músicas, aplausos e gritos que beiravam a insanidade e chegavam a incomodar. Apenas uma semana antes do show, dez das quatorze faixas da sua estréia solo, Sou, foram liberadas para audição no MySpace. A grande maioria do público já cantava em uníssono todas elas e, em alguns momentos, tão alto que mal se ouvia a voz do Camelo. Quando as músicas ainda desconhecidas de quem não havia comprado o disco foram tocadas, o público não se incomodou em substituir o barulho de suas vozes por palmas e mais palmas.

Marcelo Camelo e Mallu Magalhães

Se a comoção já parecia exagerada, atingiu seus picos quando a Mallu Magalhães foi convidada para entrar no palco e cantar “Janta”. Enquanto eles se mantinham abraçados por minutos a fio, o barulho aumentou tanto que chegou a provocar arrepios. Quando o Camelo e a Mallu se separaram para dar início à música, ela não conseguiu segurar o choro. E o barulho da platéia só aumentou ainda mais. O Camelo já havia começado a música e, quando chegou à segunda estrofe e momento da Mallu, ela ainda não havia se recuperado da emoção inicial e não conseguiu cantar. O silêncio dela sobre o dedilhando do violão do Camelo, criou um momento único no festival e a platéia se mostrou realmente acrobata para conseguir, ao mesmo tempo: gritar, bater palmas, cantar junto e chorar. Depois de “Janta”, Camelo e mais uma ainda irrecuperável Mallu tocaram “Morena”. E, vocês adivinharam, a platéia se superou mais ainda em escândalo à audição de uma música do Los Hermanos. Mais três da sua suposta ex-banda ainda foram executadas, todas do disco 4. Marcelo Camelo segurou a mais animada faixa do Sou para o encerramento: “Copacabana”, com seu clima de frevo, pôs fim a um dos shows mais memoráveis da história do Coquetel Molotov.

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