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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Festival No Ar Coquetel Molotov - 2º dia

Mallu Magalhães

por Tiago Lopes | fotos de Coraline Sabourin

A movimentação nas dependências do Teatro da UFPE se mostrou um tanto menor na segunda noite do festival No Ar Coquetel Molotov. Poucos atrasos na noite anterior e tudo seguia bem na segunda noite até a coincidência entre os shows do Club 8 (mais uma das bandas da Invasão Sueca) e a Catarina, artista pernambucana. A primeira fechou as apresentações na Sala Cine UFPE e a segunda abriu os shows da noite de sábado no Teatro, ao mesmo tempo.

O show da Catarina pareceu uma melhor opção e ela realmente se mostrou como tal. Tendo como guitarrista o vocalista do Mombojó, Felipe S., mais percussão, um contrabaixo vistoso e programações eletrônicas econômicas, a mulher se desdobrava em passinhos um tanto toscos, em piadas divertidas, gritinhos de “uoooou” entre uma música e outra e distribuição de chocolates para chamar a atenção do público pro som pop/tecno-brega/hip-hop que divertiu bastante. E divertiu não por ser só engraçadinha nas letras, mas porque o resultado era realmente apreciável, sem qualquer ironia. É admirável uma banda de Recife se preocupar em fazer música pop de qualidade sem querer denunciar nada ou se preocupar somente em cantar regionalismos. Ficou tempo o suficiente no palco para mostrar uma versão hilária e cheia de malemolência de “Sensual Seduction” do Snoop Dogg (em que ela traduzia certas partes da letra para o português, aumentando ainda mais o efeito cômico) e ainda repetir duas músicas. Ninguém se incomodou com o bis e a Catarina foi aplaudida em pé.

O Coquetel Molotov, em cada edição, se preocupa em trazer um artista que faça muita coisa usando pouca matéria-prima. Preenchendo a cota desse ano, o Final Fantasy, projeto solo de Owen Pallett (colaborador de bandas como o Arcade Fire e Beirut), fez uso de apenas um violino, um laptop e um teclado. O público parecia hipnotizado pelas mãos do rapaz, que a cada movimento mais rápido, arrancava aplausos. Mas a resposta positiva da platéia pareceu mais empolgação por ver algo não tão comum em música popular sendo executado do que genuína resposta a músicas calculistas demais e um tanto sem emoção. Lembrou bastante um Andrew Bird sem a competência melódica deste.

Mallu Magalhães foi a responsável por levantar o público das confortáveis cadeiras do teatro. Teve gente que perdeu lugar e quis dormir em pé durante o show da garota. Não que estivesse muito chato, só foi realmente maçante em alguns momentos. As músicas dela ganham muito mais estofo quando a banda participa ativamente. Nas que continham apenas o barulho do seu banjo, as músicas perdiam um pouco da força e não conseguiam atingir satisfatoriamente o enorme teatro, provocando algum tédio. Não ajudou muito o fato de ela ter convidado o Camelo para cantar as mesmas músicas que ela havia cantado com ele um dia antes, só que dessa vez, sem a emoção noveleira de brinde.

Peter, Bjorn and John

Encerrando a última noite, os escoceses do Peter, Bjorn and John entraram com guitarras muito altas. O efeito imediato do barulho acordou quem havia cedido ao sono no show da Mallu, mas não durou por muito tempo. As músicas do PBJ são de uma linearidade entediante, não há mudanças perceptíveis no andamento de algumas delas. A presença de palco deles, fortalecida por uns pulinhos e gestos por vezes constrangedores, tentava dar uma força extra a apatia das músicas, mas não funcionava. Sem solavancos ou desvios de percurso em músicas executadas em alto volume para tentar maquiar essa falta de criatividade, o resultado final do show do PBJ foi semelhante ao zumbido de um inseto gigante: de uma constância irritante.

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