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sábado, 6 de setembro de 2008

♪Eu não tenho onde morar...♪

por Rudá Almeida

O primeiro trabalho concreto de um ex-hermano após a famosa "pausa por tempo indeterminado" chega nesse dia 8 às lojas. Trata-se de Sou, debute de Marcelo Camelo em carreira solo. Mas quem é mais atento sabe que dez das prometidas catorze músicas do disco já vazaram e rodam os ipods e ipobres de todos os indies e estudantes de jornalismo desse Brésil. Eis que, a fim de prestar mais um portentoso serviço sócio-cultural aos pouco abastados habitantes da província, resolvi analisar todo o cancioneiro novo de Camelo com a atenção necessária de quem não tinha porra nenhuma - ou nada melhor - pra fazer.

Primeiramente, cabe analisar a foto de divulgação do rapaz (essa aí de cima), porque pouco antes de conhecermos as músicas fomos apresentados ao "novo Camelo" de uma forma inusitada: levando um susto e, no fundo vai!, tendo peninha. Não te deu vontade de pegar um balde d'água, um sabonete, um esfregão, um kit de barbear e dar ao pobre depois de ver essa foto? O pior é a marca no olho direito que, segundo informantes, nada tem a ver com o famoso punched! dado por Alexandre Magno Abrão, o Chorão, nos gloriosos anos em que sua banda ainda figurava no Faustão e nos comerciais da Coca-Cola.

O que veio depois foi a capa do disco. Sou ou Nós de cabeça pra baixo... hmmmmm. Contemporâneo, muito contemporâneo. Segundo passo rumo a uma publicação elogiosa na Bravo! com o título de "Marcelo Camelo: O Rei da nova mpb". Com destaque para a foto do próprio junto à Mallu, a quem Camelo, segundo a revista, tem profunda admiração musical, pessoal e, por vezes, fraternal.

Sem mais conversa, vamos ao que interessa: a música, que em Sou, dá o ar da graça com Téo e a Gaivota. Nome emepebístico. Já imaginamos algo como o calçadão de Copacabana sob o olhar de Manoel Carlos. Pena que Camelo mudou completamente sua versão. A demo, que figurava no MySpace sem vocal e com o barulho do mar - e das gaivotas! - ao fundo, aumentava sensivelmente a possibilidade de zoação da mesma. Uma pena ele desperdiçar o incomparável instrumental do Hurtmold e um ótimo refrão na, antes, melhor piada pronta do disco.

Tudo Passa tem cara de b-side do Ventura, embora seja melhor que qualquer outra da autoria de Camelo que figure no 4. E o nome pode causar muita agonia, muita agonia mesmo nos participantes da comunidade "Analisando: Los Hermanos" no orkut. "Será?".

Passeando é a primeira tentativa de Camelo de nos convencer que Chico Buarque pode descansar em paz, embora nos convença mesmo que a chatice do último disco de sua (ex)banda foi toda culpa sua. No máximo, entrará no novo DVD "Som Livre: Um Banquinho e um Violão".

Doce Solidão tem assobio pegajoso no lugar do refrão, tal qual aquela música daquela banda da Suécia. Mas, ao contrário do hit europeu, não promete alavancar coro (ou air-assobio) dos pernambucanos no Teatro da UFPE, daqui a duas semanas. Não por culpa da música, claro. E sim pelo bairrismo faniquista empregnado nos recifenses, que os proíbe de gostar de qualquer outra coisa que tenha sido feita fora de seus domínios. Para tentar tal empreitada, caro Camelo, vá de Patience.

Janta e Mais Tarde são as melhores do disco. A primeira tem a participação da Mallu, que como bem observou Chico Barney, “é a nova Luciana Gimenez. Ela sente em português, mas se expressa em inglês. Ou vice-versa?”. A segunda tem, veja só, guitarras (yeah!) e poderia ter entrado no Ventura. Por isso mesmo, já tem o certificado de qualidade garantida.

A partir daqui, Camelo quer nos convencer mais uma vez que quer ser Chico, Caymmi e melhor que Rodrigo Amarante, porra. Enquanto Menina Bordada, Vida Doce e Liberdade são a mais pura baianização do rapaz, Copacabana é uma marchinha carioca sobre o bairro do Peixoto, que exala essa tendência retrô dos "marxista branquelo, essa coisa loser manos, petista", como diria o Lobão. Mas isso tudo, ao contrário do que poderia se imaginar, nem soa tão ridiculamente pretensioso e pimba, embora ainda dê saudades dos Los Hermanos e ansiedade pelo Little Joy. Amarante rulez!

3 comentários:

Anônimo disse...

"Sou com uma cedilha perdida em baixo do "o"... hmmmmm. Contemporâneo, muito contemporâneo."

leia o sou de cabeça pra baixo.

coletivo lo que sea disse...

Devidamente corrigido, caro Anônimo.

Estava tão sóbrio quando escrevi o texto que só fui notar isso hoje e de quebra descobri que a arte é do Rodrigo Linares. Contemporaneidade à flor da pele.

Rudá.

Anônimo disse...

não achei nenhum pouco pretensioso ou forçado. achei o camelo de sempre, que já tinha dado a deixa desse cd no 4 do loser.

gosteipracaralhopagopaumesmo.

mas prefiro o amarante ;)

rodape
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